Constituição da República Federativa do Brasil

Constituição da República Federativa do Brasil
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
IV - É LIVRE A MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO, sendo vedado o anonimato;
VI - É INVIOLÁVEL A LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA (...);
VIII - NINGUÉM SERÁ PRIVADO DE DIREITOS POR MOTIVO DE crença religiosa ou de CONVICÇÃO FILOSÓFICA ou política, (...);
IX - É LIVRE A EXPRESSÃO DA ATIVIDADE INTELECTUAL, artística, científica e de comunicação, INDEPENDENTEMENTE DE CENSURA OU LICENÇA

sexta-feira, 30 de maio de 2025

POEMINHO DO CONTRA

Todos esses que aí estão atravancando meu caminho, eles passarão... Eu passarinho!

domingo, 14 de setembro de 2014

INSUSTENTÁVEL

Em 20 anos, os espaços florestais regrediram em 300 milhões de hectares, uma superfície superior à da Argentina. Fonte: FAO
 
Estima-se que a Mata Atlântica recobria, ao tempo da chegada dos portugueses ao Brasil, 98% do território fluminense. Hoje, calcula-se que menos de 17% da superfície do Estado estejam recobertos por florestas. Fonte : INEA
 
Desde 2006, entre 15 e 20 milhões de hectares de terras agrícolas foram objeto de transações ou negociações com investidores estrangeiros nos países em desenvolvimento. Fonte: Relator Especial das Nações Unidas sobre o Direito à Alimentação 70 % da água consumida no mundo é destinada ao uso agrícola. Fonte: Unesco
 
Entre 1990 e 2005, 113 milhões de hectares de florestas passaram do público ao privado. Fonte: GoodPlanet Info
 
O consumo de fertilizantes na agricultura atingiu 162 milhões de toneladas em 2009, contra 138 milhões de toneladas em 1990. Fonte: FAO
 
Em 2004, 47 % das frutas, legumes e cereais consumidos na Europa continham resíduos de pesticidas. Fonte: GoodPlanet Info
 
Cerca de 1/3 da produção alimentícia mundial destinada ao consumo humano é desperdiçada – 1,3 bilhão de toneladas – por ineficácia do sistema de fornecimento de alimentos. Fonte: FAO
 
Com as técnicas atuais de produção agrícola, a terra poderia alimentar 12 bilhões de habitantes. Mas 800 milhões de pessoas sofrem com a fome no mundo, apesar de sermos apenas 7 bilhões. Fonte: GoodPlanet Info
 
A produção alimentar mundial aumentou em 45 % entre 1992 e 2009, enquanto a população mundial aumentou em 26%. Fonte: PNUMA
 
O consumo médio de carne por habitante no mundo entre 1992 e 2007 passou de 34 kg a 43 kg por pessoa. No Brasil, cerca de 70% das terras desmatadas foram transformadas em ranchos. Fonte: PNUMA
 
Estima-se que a produção de carne é responsável por 18 a 25 % das emissões de gases de efeito estufa. Fonte: FAO
 
1,5 bilhão de pessoas com mais de 20 anos no mundo estão com sobrepeso, e dentre elas 200 milhões de homens e quase 300 milhões de mulheres são obesas. O número de casos duplicou desde 1980. Fonte: OMS
 
62 % das emissões de gases de efeito estufa provêm de três setores: produção elétrica e de aquecimento (26 %), indústria (19 %), exploração florestal (17 %). Fonte: GIEC 2007
 
Na escala planetária, a produção de eletricidade aumentou em 66 % entre 1992 e 2008. Fonte: PNUMA
 
O número de reatores nucleares em atividade passou de 360 a 437 entre 1992 e 2011, ou seja, um aumento de mais de 20 %. Fonte: Associação Nuclear Mundial – WNA
 
O carvão, a energia fóssil mais poluente, cobriu 28 % do consumo energético mundial em 2010 e só deve diminuir pouco nos próximos 25 anos. Fonte: AIE
 
O consumo de energia por habitante nos países desenvolvidos é quase 12 vezes mais elevado do que o dos habitantes dos países em desenvolvimento. Uma diferença que não evoluiu nos últimos 20 anos. Fonte: PNUMA / Portal GEO Data / AIE
 
A extração de recursos naturais aumentou em 41 % desde 1992. Foram os materiais de construção, seguidos dos minerais destinados à indústria, que tiveram o maior aumento. Fonte: Krausmann
 
A produção mundial de materiais plásticos aumentou em 130 % desde 1992, destinados, na maior parte, a uso único (produtos descartáveis, embalagens, coberturas agrícolas). Fonte: EuroPlastics / Hopewell e outros 2009
 
A produção mundial de aço aumentou em 100 % desde 1992. Fonte: Associação Mundial do Aço
 
Em 2012, o consumo anual mundial de petróleo passou dos 32 bilhões de barris. É o dobro do total das reservas de petróleo brasileiras confirmadas na data atual. Fonte: AIE (Agência Internacional de Energia e ANP (Agência Nacional do Petróleo).
 
O consumo brasileiro de petróleo vive um dos maiores crescimentos no mundo (+8,55 % em 2010). Ele se aproxima do bilhão de barris por ano (3% do consumo mundial). Fonte: ANP (Agência Nacional do Petróleo)
 
Estima-se que o número de carros e caminhões vai triplicar até 2050, passando de quase 1 bilhão a 2,6 bilhões. Cerca de 80 % desse aumento acontecerá nos países em desenvolvimento. Fonte: PNUMA
 
A frota de veículos do Rio de Janeiro passou de 1,3 milhão em 1997 a 2,5 milhões em 2012, e deverá chegar a 2,9 milhões em 2016, ano dos Jogos Olímpicos, ou seja, uma proporção de um carro para duas pessoas. Fonte: FIRJAN
 
1,3 milhão de pessoas morrem, a cada ano, em acidentes da estrada e não menos de 50 milhões ficam feridas. Fonte: OMS
 
A população mundial aumentou em 26 % em 20 anos, passando de 7 bilhões de indivíduos por volta de 31 de outubro de 2011. Fonte: PNUMA
 
Em 1992, no Rio, os países industrializados prometeram dedicar 0,7 % do Produto Nacional Bruto (PNB) ao auxílio para o desenvolvimento. Em 2010, a ajuda pública ao desenvolvimento totalizou 129 bilhões de dólares, representando apenas 0,32 % do PNB desses países. Fonte: OCDE
 
Entre 1992 e 2010, o Produto Interior Bruto (PIB) mundial, que é um meio de medir o crescimento econômico, cresceu em 75 %. Mas em valor absoluto, as diferenças de riqueza entre os países aumentaram em 20 % entre 1990 e 2005. Fonte: Banco Mundial
 
Atualmente, 27 % da população mundial vivem na pobreza absoluta contra 46 % em 1990, quer dizer, com menos de 1 dólar por dia (o limiar é de 1,25 dólar desde 2008). Fonte: ONU / Banco Mundial
 
Entre 1990 e 2010, a proporção de pessoas vivendo em favelas diminuiu de 46 % para 33 %, mas o número de pessoas vivendo lá aumentou, passando de 656 milhões a 827 milhões. Fonte: PNUMA
 
De acordo com um relatório da ONU, o Brasil reduziu sua população nas favelas de 10,4 milhões de pessoas entre 2000 e 2010. A previsão é de que 25 % da população brasileira ainda viva em favelas em 2020, ou seja, 55 milhões de pessoas. Fonte: ONU – UN Habitat
 
No mundo, 884 milhões de pessoas não têm acesso a uma fonte de água potável. 2,6 bilhões não têm acesso a um sistema de saneamento aperfeiçoado. Fonte: UNICEF / OMS
 
Desde 1992, as diferenças em termos de esperança de vida aumentaram. Os 20 % mais pobres viram a esperança de vida passar de 46 para 44 anos, enquanto a dos 20 % mais ricos passou de 77 para 79 anos. Fonte: ONU / Situação Social Mundial 2010
 
1,8 bilhão de trabalhadores no mundo, ou seja, 60 % da população ativa, trabalham sem contrato de trabalho nem cobertura social. Fonte: OCDE
 
Se cada pessoa vivesse como um norte-americano, seria preciso mais de 4 planetas Terra para suprir nossas necessidades, enquanto se vivesse como um africano, seria preciso 2/3 da Terra. Fonte: WWF / Global Footprint Network
 
As despesas militares mundiais aumentaram em 5,1 % por ano entre 2001 e 2009. Fonte: SIPRI Yearbook 2011
 
Em 2010, o total das despesas militares no mundo representou 2,6 % do Produto Interior Bruto mundial, contra 1,4 % no Brasil. Fonte: SIPRI Yearbook 2011

FAXINA NOS MITOS

"Boa parte de nossa infelicidade nasce do fato de vivermos rodeados por mitos. Deixamos que aflorem e construímos em cima deles a nossa desgraça."

          Boa parte de nossa infelicidade ou aflição nasce do fato de vivermos rodeados (por vezes esmagados ou algemados) por mitos. Nem falo dos belos, grandiosos ou enigmáticos mitos da Antiguidade grega. Falo, sim, dos mitinhos bobos que inventou nosso inconsciente medroso, sempre beirando precipícios com olhos míopes e passo temeroso. Inventam-se os mitos, ou deixamos que aflorem, e construímos em cima deles a nossa desgraça. 
          Por exemplo, o mito da mãe-mártir. Primeiro engano: nem toda mulher nasce para ser mãe, e nem toda mãe é mártir. Muitas são algozes, aliás. Cuidado com a mãe sacrificial, a grande vítima, aquela que desnecessariamente deixa de comer ou come restos dos pratos dos filhos, ou, ainda, que acorda às 2 da manhã para fritar (cheia de rancor) um bife para o filho marmanjo que chega em casa vindo da farra. Cuidado com a mãe atarefada que nunca pára, sempre arrumando, dobrando roupas, escarafunchando armários e bolsos alheios sob o pretexto de limpar, a mãe que controla e persegue como se fosse cuidar, não importa a idade das crias. Essa mãe certamente há de cobrar com gestos, palavras, suspiros ou silêncios cada migalhinha de gentileza. Eu, que me sacrifiquei por você, agora sou abandonada, relegada, esquecida? E por aí vai..
          Ou o mito do bom velhinho: nem todo velho é bom só por ser velho. Ao contrário, se não acumularmos bom humor, autocrítica, certa generosidade e cultivo de afetos vários, seremos velhos rabugentos que afastam família e amigos. Nem sempre o velho ou velha estão isolados porque os filhos não prestam ou a vida foi injusta. Muitas vezes se tornam tão ressequidos de alma, tão ralos de emoções, tão pobres de generosidade e alegria que espalham ao seu redor uma atmosfera gélida, a espantar os outros. 
          E o mito do homem fortão, obrigado a ser poderoso, competente, eterno provedor, quando esconde como todos nós um coração carente, uma solidão fria, a necessidade de companhia, de colo e de abraço – quando é, enfim, apenas um pobre mortal. Falemos ainda no mito da esposa perfeita, aquela da qual alguns homens, enquanto pulam valentemente a cerca, dizem: "Minha mulher é uma santa". Sinto muito, mas nem todas são. Eu até diria que, mais vezes do que sonhamos, somos umas chatas. Sempre reclamando, cobrando, controlando, não querendo intimidades, ocupadas em limpar, cozinhar, comandar, irritar, na crença vã de que boa mulher é a que mantém a casa limpa e a roupa passada. Seria bem mais humano ter braços abertos, coração cálido, compreensão, interesse e ternura. O mito de que a juventude é a glória demora a ruir, mas deveria. Pois jovem se deprime, se mata, adoece, sofre de perdas, angustia-se com o mercado de trabalho, as exigências familiares, a pressão social, as incertezas da própria idade. A juventude – esquecemos isso tantas vezes – é transformação por vezes difícil, com horizontes nublados e paulatina queda de ilusões. É fragilidade diante de modelos impossíveis que nos são apresentados clara ou subliminarmente o tempo todo.
          Enfim, a lista seria longa, mas, se a gente começar a desmitificar algumas dessas imagens internalizadas, começaremos a ser mais sensatamente felizes. Ou, dizendo melhor: capazes de alegria com aquilo que temos e com o que podemos fazer numa vida produtiva, porque real.

(Texto da escritora Lia Luft. Fonte: Revista Veja Edição nº 1901, 20/04/2005)

UM HOMEM

          Um homem andava sob o sol forte e carregava nas costas uma pequena sacola de provisões. Atravessava um imenso campo de trigo. O ar estava parado e o vento descansava. Nada parecia se mover. A monotonia da paisagem era raramente quebrada por uma leve brisa que, vagarosamente, movimentava o trigo amarelo como uma imensa marola de um oceano manso. 
     O homem caminhava sem olhar por onde andava, pisando o amarelo da paisagem. Repentinamente, surgiu no alto de uma colina, um tigre. O animal viu sua presa e partiu para pegá-la. Diante do inesperado, o homem abandonou sua sacola e correu como nunca havia corrido em sua vida. A velocidade do tigre diminuía a distância entre o o caçador e presa, e ele percebeu que em mais alguns instantes seria dilacerado pelas garras do animal. Avistou um barranco em uma das bordas do trigal e atirou-se para lá. Descobriu que a saliência do terreno era a borda de um profundo precipício. Para escapar, esgueirou-se pela terra, agarrando-se no que podia. Na metade da descida, viu uma velha raiz que saia do penhasco e pendurou-se nela. Dali podia ver os olhos faiscantes do tigre, e só lhe restava continuar descendo. Olhou para baixo e identificou, no fundo do desfiladeiro, uma caverna. Na porta, a fêmea do tigre e os filhotes esperavam o alimento que o macho havia ido caçar. Agarrou-se ainda mais na raiz. De um pequeno buraco ao lado dele saíram dois ratos. Um branco e um preto. Imediatamente, começaram a roer a raiz onde ele estava pendurado.
            O homem olhou para todos os lados e notou que ao alcance de sua mão havia um arbusto. Era um morango silvestre. Havia nele um único fruto vermelho, apetitoso e fresco. O homem pegou-o, comeu e achou delicioso. A vida é um fim em si mesmo.

(Trecho retirado do livro Buda: o mito e a realidade, de Heródoto Barbeiro)

QUADRILHA

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

(Carlos Drummond de Andrade)

POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL


João Gostoso era carregador de feira-livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

(Manuel Bandeira)